Posicionamento Crítico do filme Em Nome de Deus
Em nome de Deus. Título que num sentido inverso - longe de machismo, religião e repressão - poderia nomear-se Em Nome da Deusa, o que desmistificaria um Deus-Homem, caindo por terra o conceito de Mulher-Eva-
Pecadora-Inferior.
O filme retrata, explicitamente, além atrocidades exercidas com as intenas em nome da fé, a hipocrisia existente numa sociedade falso moralista, neste caso na religião católica, em que freiras e padres contradizem-se ao não resistir a luxúria e ao desejos da carne. Vide as frases de uma das freiras e de uma das internas, respectivamente: "As freiras só querem ver o trabalho feito. Não compreende isso? As freiras não se importam contigo, e muito menos comigo.
Por isso, faz um grande favor a todo mundo: morre depressa." / “Você não é um homem de Deus”.
Um filme que impressiona negativamente por ter sido baseado em uma história real que ocorreu em pleno século XX – na década de 60 – mas que se olharmos ao redor, agora no século XXI, as mulheres ainda são consideradas inferiores, muitas delas com vidas feito marionetes entregues a pais, maridos, religiosos e ao Estado.
Em um viés psicanático, destaque para as cenas em que as famílias se desfazem das internas de maneira fria e chocante, agindo sem pestanejar ou contestar, provocando traumas profundos, ao ponto de desencadear uma demência em uma das internas, assim como o bloqueio para relacionamentos com homens de outra interna. O questionamento que permeia é: o que esperar, futuramente, de pessoas desprovidas de vínculo afetivo paterno e materno? A resposta vem nos sintomas punitivos, com pulsão de morte/suicídio, repressão sexual, entre outros.