Português
“Lisbon revisited” Álvaro de Campos
3.ª fase: O intimismo (fase abúlica)
Obs.: Da exaltação e da euforia febril de “Ode Triunfal” passa-se ao tédio, ao desejo de solidão, à náusea e à angústia. é É precisamente esta última fase de Campos e o cepticismo que o percorre que o aproximam de Pessoa ortónimo. 1. Aspectos Temáticos Fundamentais: a inexorabilidade (inevitabilidade) da morte; a recusa de:
estética; moral; metafísica; ciências; artes;
rejeição das verdades que a sociedade tem para oferecer
civilização moderna o direito à solidão, ao silêncio, à diferença; a infância como símbolo da felicidade perdida, presente no “céu azul”, no “Tejo” e na Lisboa de outrora. Esta temática da infância aparece, no poema, depois da enumeração de uma série de sensações violentas e negativas. O sujeito poético vê o céu, o Tejo e Lisboa com o olhar da sua infância e ao mesmo tempo com o olhar de agora (“Ó céu azul – o mesmo da minha infância”; “Tejo ancestral e mudo”; “Lisboa de outrora e de hoje”).
Não podemos esquecer que a base dos heterónimos é o ortónimo. É neste sentido que aparece em Campos, uma das temáticas recorrentes de
Pessoa – a infância perdida. Foi, aliás, debaixo daquele mesmo céu, junto daquele mesmo rio e naquela mesma cidade que Pessoa ficou órfão de pai. A tristeza que o poeta trazia de longe projectou-se, no poema, sobre aquele céu, aquele rio e aquela cidade.
2. Aspectos linguísticos e estilísticos mais relevantes: acumulação de construções negativas, como manifestação da recusa que o sujeito poético faz das principais manifestações da vida moderna de Lisboa;
a interrogação retórica – “Que mal fiz eu aos deuses todos?” – realçando o espanto do próprio sujeito poético pelo facto de não se deixar levar pelas deslumbrantes conquistas da civilização moderna, de ser diferente das outras pessoas; o trocadilho na expressão: “Vão para o diabo sem mim / Ou deixem-me ir