Português
“No entanto, o suposto conhecimento do “português correto” é uma mera fachada para justificar o emprego de outros instrumentos, mais complexos e sofisticados, destinados a preservar a desigualdade social”
Numa sociedade como a brasileira, marcada desde suas origens por uma divisão social profunda entre uma minoria privilegiada e uma imensa maioria marginalizada, a língua sempre foi um símbolo importante para as elites dominantes. “Saber português” é uma condição tida como sine qua non para que alguém se incorpore ao círculo dos que podem – é o melhor exemplo daquilo que Pierre Bourdieu chama de distinção. No entanto, o suposto conhecimento do “português correto” é uma mera fachada para justificar o emprego de outros instrumentos, mais complexos e sofisticados, destinados a preservar a desigualdade social. Afinal, num país tão racista, se a pessoa for negra ou índia, por exemplo, por melhor que conheça a norma-padrão tradicional, já estará excluída do acesso ao círculo dos privilegiados pela simples cor de sua pele. O mesmo se diga com relação a nordestinos no Sudeste, a homossexuais ou a mulheres, a cegos, surdos, deficientes físicos, em muitos âmbitos da vida social, econômica e política. (A LÍNGUA, A MÍDIA & A ORDEM DO DISCURSO - http://marcosbagno.com.br/site/ )
Isso na verdade nem é uma questão lingusitica, porém social, pois as pessoas que não falam o português correto acabam se tornando desprestigiadas, pelo fato de nao terem acesso a educação elitizada, por isso sofrem preconceito, quando na verdade é apenas é diferente da língua ensinada na escola.
O preconceito nao esta naquilo que se fala, mas em quem fala e isso acaba acarretandonum preconceito linguistico decorrente do preconceito social.