Português
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João e Maria
Luís Fernando Veríssimo
Esta é uma daquelas histórias que as pessoas juram que aconteceram, não faz muito sentido, com um amigo delas. Há anos você ouve a mesma história, sempre com a garantia de que aconteceu mesmo. Há pouco, com um amigo. Nesta versão o amigo se chama João e a mulher se chama Maria, para simplificar. O João começou a desconfiar das constantes conversas da Maria com José, amigo do casal. Volta e meia o João pegava a Maria e o Zé cochichando, e quando se aproximava deles, eles paravam. - O que vocês dois tanto conversam? - Nada. Ou a Maria estava falando ao telefone e, quando o João chegava, dizia "Não posso agora" e desligava. - Quem era? - Ninguém. Não foi uma nem duas vezes. Durante semanas, o ninguém ligou muito. E um dia a Maria anunciou que precisava viajar. Sua vó Nica. No interior. Muito mal. Nas últimas. Precisava vê-la. Iria na 6ª de manhã e voltaria no domingo. - Logo na 6ª, Maria? - Por quê? Que que tem na 6ª? - Nada. João telefonou para a sogra e perguntou como ia a vó Nica. - A mamãe? Deve estar bem. Foi com o grupo dela fazer compras no Paraguai. Maria só levou uma pequena sacola na viagem. Claro, pensou João. Só o que iria precisar, no hotel em que se encontraria com o Zé para um fim de semana de amor. No fim da tarde, só para confirmar, João telefonou do seu escritório para o escritório do Zé. Não, o seu José não estava. Tinha saído cedo e avisado que não voltaria. Muito bem, pensou João. Muito bem. Era assim que ela queria? Pois muito bem. Ele se vingaria. Levaria uma mulher para casa. Sim, para casa. Uma mulher, não. Duas... Na boate, já bêbado, João perguntou para as duas mulheres, Vanessa e Giselle: - Sabem que dia é hoje? - Fala,