Portugues
Vou-me embora, vou-me embora
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Eu sou rica, rica, rica,
Vou-me embora daqui!...”
(CANTIGA ANTIGA.)
“Sapo não pula por boniteza,
Mas porém por percisão.”
(PROVÉRBIO CAPIAU.)
Introdução
O livro de estreia de João Guimarães Rosa, Sagarana, foi publicado em sua versão final em 1946. Os contos começaram a ser escritos em 1937, e até o lançamento definitivo, composta de novos contos / novelas. Nesse processo, o autor filtrou o que havia de melhor no texto, utilizando em seu peculiar processo de invenção de palavras o hibridismo – que consiste na formação de palavras pela junção de radicais de línguas diferentes. O título do livro é composto dessa forma. Saga, radical de origem germânica, quer dizer “canto heróico”; rana, na língua indígena, significa “espécie de”.
Entre os contos que escreve em Sagarana, merece destaque especial “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”. Tido pela crítica como um dos mais importantes contos de nossa literatura, condensa os vários temas presentes no livro: o sertão, o povo, a jagunçagem, a religiosidade e o amor. João Guimarães Rosa combina e recombina habilmente as informações do meio, confundindo lugares e paisagens, mesclando o real, o imaginário e o lendário em sua obra. Não é um livro regionalista já que não se limita a uma localidade especifica.
Enredo
A hora e vez de Augusto Matraga recria uma verdadeira saga do homem na travessia por este mundo. Matraga é, de um modo mais amplo, o homem no sentido universal. Sua trajetória recria a passagem evolutiva em busca do aprendizado do viver e da ascensão espiritual em plenitude. Seu objetivo será ter sua hora e vez de entrar no céu, "mesmo que seja a porrete". É uma história de redenção e espiritualidade, uma história de conversão. Ao longo do seu enredo o protagonista, Augusto Matraga, passa do mal ao bem, da perdição à salvação.
Augusto Matraga, foi criado por uma avó, que o queria padre. No