Portugues
MAURER JR., Theodoro Henrique. A Unidade da România ocidental. São Paulo: Editora da USP, 1951.
A FORMAÇÃO DE PALAVRAS NA ROMÂNIA OCIDENTAL
No estudo da derivação e da composição entramos já mais diretamente na estrutura das línguas românicas, embora estes processos não afetem ainda a gramática propriamente dita.
Como já antes dissemos, necessitavam as línguas românicas de um vocabulário mais rico do que o recebido do latim vulgar. Por isto, os grandes empréstimos na fonte latina são léxicos. Elas, porém, não se limitam a tomar vocábulos formados. A contribuição mais importante da língua-mãe foi a de proporcionar-lhes recursos mais variados de derivação, embora não seja o latim, sobretudo antigo, a única fonte do seu enriquecimento.
Estes processos novos dão às línguas românicas a grande facilidade de criação de palavras que as caracteriza hoje, embora não consigam, neste ponto, emparelhar com as línguas germânicas, sobretudo na composição, onde aquelas guardam muito da velha flexibilidade indo-européia.
Meyer-Lübke, introduzindo o estudo da composição românica (Gramm. des lang. rom., II, § 542), observa: “Se, na derivação, as línguas românicas revelam uma riqueza e uma variedade muito superior à do latim, na composição elas têm maior flexibilidade, quer por desenvolverem os tipos antigos, quer por criarem outros novos”. A observação é exata, embora nem sempre se tenha apontado com clareza a causa deste enriquecimento. O próprio Meyer-Lübke, segundo cremos, atribue parte demasiada destes novos processos ao latim vulgar (92)1. Mas especialmente exageradas nos parecem as observações de Grandgent. Diz ele sobre a derivação latina vulgar: “O latim vulgar é muito rico em derivados e compostos; possue muitos diminutivos afetivos, como –icca e –itta. Petrônio mostra predileção para os derivados longos como gaudimonium... Os escritores tardios abundam quase todos em nomes abstratos (!). Parece que nos textos estritamente clássicos de fato não