Portugal e a ue
Análise Social, vol.
XL
(175), 2005, 255-278
Portugal e o alargamento da União Europeia: alguns impactos sócio-económicos
1. INTRODUÇÃO O processo de integração europeia na próxima década será marcado pela interacção de duas importantes alterações institucionais: a consolidação da união económica e monetária (UEM) e o recente alargamento aos países do Centro e Leste europeu (PECO). Ambos os eventos provocarão profundos ajustamentos económicos com consequências sociais, decorrentes da relocalização das actividades económicas e das alterações nos fluxos comerciais, financeiros e de tecnologia à escala europeia. Como mostram alguns estudos realizados, os impactos sectoriais e regionais serão diferenciados, dependendo das estratégias empresariais, da disponibilidade e qualidade dos recursos existentes, das dinâmicas geradas pelos mercados globais e ainda das orientações seguidas em termos de política económica. O reforço dos mecanismos de mercado estimulará a concorrência, admitindo-se que as alterações no bem-estar poderão ter expressões muito díspares a nível dos países, das regiões e dos sectores. Num quadro de globalização económica, as políticas comunitárias e nacionais terão um papel crucial, quer como promotoras da eficiência económica, quer como mecanismo de compensação de impactos sociais e regionais negativos, inerentes ao reajustamento dos mercados. As transformações que ocorrerão nos mercados de bens, serviços e factores vão exigir renovadas formas de articulação dos vários níveis da política económica e, em consequência, na sua configuração institucional. Neste contexto, a reorganização dos mercados de trabalho na União Europeia (UE) assume primordial importância para o processo de integração económica. Neste artigo, tendo como pano de fundo os impactos económi* Universidade de Évora.
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José Caetano, Aurora Galego, Sofia Costa cos e sociais do alargamento, analisaremos algumas questões