Porto do rio: maravilha para quem?
O porto do Rio de Janeiro sempre teve uma importância fundamental na economia e nas relações de troca. Sendo assim considerada o coração da cidade, por sua posição na Baía de Guanabara, e servindo como parâmetro para a observação do desenvolvimento econômico e social da cidade durante anos, a Região Portuária do Rio se caracterizou pelo abandono do poder público. Fato ocorrido principalmente após o fechamento das indústrias que migraram para aquela área em busca de maior proximidade com o Porto; situação essa que facilitou a favelização. Apesar disso, nos últimos anos a região vem recebendo um olhar diferenciado por parte das autoridades.
Fez-se, assim, necessário um projeto de revitalização da mesma em uma parceria da Prefeitura com o Governo do Estado e o Ministério do Turismo, visando aprimoramentos para melhor atender à demanda turística esperada com os megaeventos que o país sediará a partir deste ano.
Esse projeto, portanto, prevê grandes obras com elevado custo. Situação esta favorável, já que a oferta de empregos aumentará. Em contrapartida, ela causará transtornos à população, como a intensificação do trânsito automobilístico e a especulação imobiliária, essa última como reflexo do “valor-cidade”.
Junto à isto, podemos analisar as pequenas tentativas de desfavelização incentivadas pelo Governo, que realiza implicitamente o processo de Gentrificação. Ao passo que o perfil da região será alterado, fazendo com que o custo de vida se eleve, ele realiza uma Higienização Social da região, que constitui-se como entrada de diversas mercadorias e pessoas na cidade. Isso concentra, então, os indivíduos-vítimas da limpeza social em um outro espaço, gerando a noção de uma periferia que não se aglomere no centro da cidade, espaço de importantes trocas comerciais, políticas e urbanas. Assim, dá-se origem à ideia de Segregação Socioespacial, a qual consiste na concentração de uma população menos favorecida em um ambiente separado da