portifolio de Literatura PortuguesaIV
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ATIVIDADE DE PORTIFOLIO 04 Diferenças entre o neorrealismo de feição marxista e o existencialismo presente na obra Aparição de Vergílio FerreiraA literatura de Vergílio Ferreira criticou o determinismo e escapou do enfoque sociológico dos intelectuais de outrora. A luta contra a marginalização social não seria mais reconhecida somente na coletividade, presente, por exemplo, no romance Gaibéus de Alves Redol, mas na individualidade, nas singularidades de cada ser.
No romance Aparição, publicado em 1959, nota-se a problematização de diversos conceitos marxistas referenciais ao movimento neorrealista, principalmente o papel do indivíduo em sociedade. Em seu enredo, a reflexão social e também os anseios libertários são reconstruídos de maneira avessa à primeira geração de Seara Nova.
Impossível negar a presença de uma crítica feroz às práticas sociais ditadas pelos compassos da ode capitalista nessa narrativa de Vergílio Ferreira, intelectual pertencente à segunda fase do movimento neorrealista português. Nota-se, entretanto, a ausência da exegese do discurso marxista isolado ― uma das características desse período ―, perceptível anteriormente no primeiro movimento do neorrealismo.
Vergílio, a cada capítulo, estrutura uma contaminação entre duas vertentes teóricas distintas: o marxismo e o existencialismo, esta última difundida em Portugal pelas suas traduções da obra do filósofo francês Jean-Paul Sartre. No editorial da edição portuguesa do romance Aparição de 1971, pontua-se acerca do autor: “tendo colhido no neorrealismo — que começou por caracterizar a sua obra — ‘a aprendizagem da dignificação do homem’, foi no existencialismo que a completou”.
Em Aparição, é notável o desenvolvimento de uma crítica relacionada ao conceito de (des) alienação na construção da personagem Alberto Soares, que, ao longo da narrativa, questiona e não aceita o determinismo consequente do fluxo da superestrutura da sociedade capitalista portuguesa ― a principal crítica