Por uma retórica do discurso
Ivo José DITTRICH1
• RESUMO: O ponto de partida do presente artigo é o de que a retórica do discurso resulta da ação integrada e complementar entre argumentos de ordem técnica, emotiva e representacional. Dependendo do interlocutor e dos objetivos do discurso, predomina um ou outro. A partir desses princípios, pode-se dizer que, dependendo da argumentação predominante, tem-se discursos com uma retórica mais técnica, mais emotiva ou mais representacional. Enquanto a argumentação técnica racionaliza o discurso, a emotiva lhe confere sensibilização e a representacional, credibilidade. Uma Teoria da Argumentação deveria situar, portanto, seus fundamentos teóricos e metodológicos na correlação entre esses diferentes aspectos da argumentação, principalmente quando se trata de analisar discursos do ponto de vista retórico. • PALAVRAS-CHAVE: Retórica; argumento; racionalização; emoção; representação.
Introdução Historicamente, a humanidade tem-se ocupado do efeito das palavras sobre a natureza e o espírito humanos, o que não faz estranhar que se desenvolvesse a arte do discurso a fim de interferir sobre as suas crenças e atitudes. Já na Antiga Grécia, num período anterior a Platão e Aristóteles, filósofos como Córax, Tísias e Isócrates, além dos sofistas e do próprio Homero, dedicam-se a refletir sobre a potencialidade persuasiva dos discursos, descrevendo sua funcionalidade e sua possibilidade de interferência sobre quem os ouvia. Observando e analisando a prática dos discursos proferidos nos tribunais ou em praça pública, desenvolveram os primeiros conceitos teóricos relativos à persuasão por meio da linguagem verbal: polytropia – adequação do discurso ao interlocutor – e psicagogia – poder encantador das palavras –, por exemplo.
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