Por uma globalização mais humana
A globalização sob a ótica do inesquecível Milton Santos. Os liberais tiveram a interpretação hegemônica, privilegiam os aspectos econômicos desta segunda "grande transformação" do século 20. Para eles, trata-se de uma consequência necessária e inapelável das transformações tecnológicas que, somadas à expansão dos mercados, derrubaram as fronteiras territoriais e sucatearam os projetos econômicos nacionais, promovendo uma redução obrigatória da soberania dos Estados. A partir daí, a própria globalização econômica e a força dos mercados promoveriam uma homogeneização progressiva da riqueza e do desenvolvimento por meio do livre comércio e da completa liberdade de circulação dos capitais privados, o que acabaria conduzindo a humanidade na direção de um governo global, uma paz perpétua e uma "democracia cosmopolita". O problema, como demonstra Milton Santos, é que esta utopia vem sendo insistentemente negada pelos fatos, já que as consequências sociais e econômicas do processo real de globalização são completamente distintas, dependendo do território e do poder dos Estados. O principal veículo da globalização é a ideologia neoliberal do mercado livre. Não houve ao longo da História outra ideologia que tivesse influenciado tão profundamente cada aspecto da vida das pessoas no mundo como a do neoliberalismo, a globalização considera que a competição e a economia de mercado são o credo universal, onde os valores podem ser substituídos por preços, faz-nos recordar de modo arrepiante a visão do Apocalipse. A globalização, comandada pela atual ideologia liberal do mercado, tem adormecido as pessoas. Satisfeitas com as suas riquezas, muitas pessoas aprovam a ideologia liberal do mercado livre. Desapontadas com a política, aceitam uma visão da sociedade que passa por uma produção e um consumo sempre em expansão, uma sociedade em que o poder está nas mãos de uma pequena e forte elite econômica, que facilita a gestão