Por uma educaçao humanizadora
Desejamos, a partir do texto de Paulo Freire[1], reconhecer que o processo de desumanização é uma realidade histórica, factual e não meramente “algo natural”, “destino dado”, mas resultado de uma ordem injusta que nega a possibilidade do “SER MAIS”, abrindo a possibilidade de afirmar que o que é não deveria ser, e o que ainda não é deve ser.
Como falar de humanização nesta sociedade onde reina a injustiça, onde o que conta é o dinheiro e o poder? É possível lutar pela libertação em tempos do triunfo do dogmatismo neoliberal, do capitalismo transnacional em processo de globalização? Quem são os responsáveis que irão pensar uma “práxis de libertação” a fim de construir novos momentos, normas ou instituições que possibilitem o enfrentamento da vida com dignidade? A pergunta que se impõe é que práxis concreta devemos estar dispostos a realizar hoje.
Olhando a nossa realidade constatamos todo tipo de desumanização, seja de cunho racial, étnico e/ou sexual. Frequentemente, pelo mero fato de ser mulher, negro, indígena ou homossexual a dificuldade da vida se agrava. A vítima[2] não é simplesmente o ser humano, mas aquele que mais se parece ao não-homem, desfigurado em sua “vocação do SER MAIS”.
Acreditamos que na realidade descrita se exprime a negatividade mais grave da historia – a constatação das vítimas, da desumanização –, e se exprime uma esperança positiva – “a vocação do SER MAIS”, a luta pela humanização. Trata-se da relação que se produz entre a negação da corporalidade como ser vivente e humano, expressa no sofrimento, miséria, infelicidade, injustiça, analfabetismo, dos dominados e/ou excluídos e a tomada de consciência ético crítica destas negatividades como impossibilidade de reprodução ou desenvolvimento da vida a fim de que se possa julgar o sistema vigente como perverso, causador de opressão e dominação. A constatação destas negatividades demonstra a impossibilidade de produzir,