Por uma antropologia
Ana Lúcia E.F. Valente** RESUMO: Partindo do pressuposto de que a antropologia e a educação tomam o homem como base comun de reflexão, o texto propõe uma discussão sobre as possíveis diferenças entre as abordagens desses campos do conhecimento, considerando a escolha do lugar teórico a partir do qual uma propósta investigativa é conduzida como o aspecto decisivo da questão. A discussão é estruturada a partir de uma crítica ao discurso pós-moderno que adere ao relativismo - historicamente associado ao sucesso público da antropologia no estudo da diversidade -, e se espraia por todas as ciências humanas no embalo do que se convencionou chamar de "crise de paradigmas", Argumenta-se que sem abrir da característica que dirige o trabalho dos antropólogos, qual seja, o profundo conhecimento de objetos singulares, não se pode furtar ao compromisso científico de inseri-los num contexto mais amplo de compreensão, numa perspectiva passível de encontrar ressonância entre outros pesquisadores sociais. A articulação dos valores universais e das especificidades culturais enquanto dimensões de uma mesma realidade, além de ser uma exigência teórica, impõe-se praticamente na medida em que a democracia passa a ser desafiada pelo movimento global da pobreza, exclusão social e surgimento de particularismos absolutos.
Palavras-chave: Pesquisa em antropologia e educação, pesquisa teória o singular e o universal À primeira vista, o tema deste seminário convida-nos a pensar sobre as possibilidades de realização de um trabalho profícuo nas interfaces da antropologia e da educação. Logo, no entanto, essa impressão se desfaz ao considerarmos que, afinal, tais possibilidades têm sido exploradas há tempos: já não são poucos aqueles que se têm preocupado com a questão e investido em pesquisas e análises que provam e comprovam ser fértil o terreno no qual os dois campos de conhecimento se encontram. Se não se trata de discutir a existência e a