Por um cérebro melhor
Treinamento cerebral para afiar a memória. Exercícios aeróbicos para preservar a massa cinzenta. Meditação para afiar as ligações entre razão e emoção. Tudo soa maravilhoso, mas há algo frustrante no número crescente de estudos que identificam maneiras de dar polimento no cérebro: elas não vão muito longe. Claro que exercícios para aprimorar a memória são melhores para o cérebro do que, digamos, assistir a reality shows na TV, mas o máximo que se ganha é um acesso mais confiável ao conhecimento já espalhado pelo córtex cerebral. Se a informação não estiver lá, não há treinamento do cérebro que lhe diga como funciona o sistema do Banco Central, por que o Sul dos Estados Unidos perdeu a Guerra de Secessão, qual a importância de Les demoiselles d’Avignon, de Picasso, ou por que o Word acabou de travar. Sem falar do tipo de informação que poderia melhorar de forma significativa a vida cotidiana: não seria maravilhoso compreender e recordar mais do que lemos e ouvimos, aprender e reter novas habilidades para melhorar as chances de emprego e interligar conhecimentos para, digamos, perceber o que faz o seu chefe reagir? Isso é o que todos queremos – saber mais, entender mais profundamente, dar saltos criativos maiores, guardar o que lemos, ver ligações invisíveis aos olhos dos outros – e não apenas aproveitar o que já temos entre as orelhas. Ou seja, em poucas palavras: queremos ser mais inteligentes. Ao melhorar nosso jogo mental, seríamos capazes de ver imediatamente quando um marqueteiro nos engana, entender estudos médicos importantes para o que nos incomoda, perceber a importância da crise do euro para o nosso fundo de aposentadoria e tomar decisões melhores no trabalho, no amor e na vida. Assim, quando mergulhamos nos resultados das últimas pesquisas da neurobiologia e da ciência cognitiva, uma descoberta recente se destacou mais que todas as outras: o Q.I., que durante muito tempo se pensou ser imutável depois da primeira infância,