Por que o homem só foi uma vez a lua?
A divulgação dos detalhes da próxima viagem do homem à Lua, feita pela Nasa, a agência espacial americana, traz um punhado de novidades e uma pergunta. A maior novidade é que a missão, que deve ocorrer após 2014 e integra o novo Programa Constellation, será realizada com dois foguetes. Um levará o módulo lunar e o outro, os astronautas e a Orion, o primeiro exemplar da nova geração de espaçonaves que também substituirá os ônibus espaciais nas visitas à Estação Espacial Internacional. Apenas um foguete era utilizado nas onze missões pilotadas do Projeto Apollo, que levou o homem à Lua seis vezes nos anos 60 e 70. O uso de dois foguetes já era recomendado em 1960 por Werner von Braun, o pai do Projeto Apollo. Às vésperas da primeira viagem à Lua, no entanto, a prioridade dos Estados Unidos era bater a União Soviética na corrida espacial, e o foguete único era a solução tecnológica disponível para dar conta do recado.
A pergunta que o anúncio da nova missão americana suscita é: por que ir à Lua novamente? Anos antes do primeiro pouso lunar, num discurso que tocou fundo os americanos, o presidente John Kennedy destacou o enorme desafio que a viagem representaria. Hoje, o cenário é muito diverso. Já existem robôs espaciais capazes de fazer todas as análises de solo e atmosfera que antes dependiam de astronautas. Não há desafios a vencer nem brios patrióticos em jogo. O presidente George W. Bush pensa diferente. No início de 2004, ele anunciou as bases do Programa Constellation e o considerou estratégico para a presença americana no espaço e para a própria supremacia dos Estados Unidos. No futuro, o programa prevê a instalação de uma base lunar permanente, com um laboratório que explore os recursos naturais do satélite e permita usá-lo como ponto de apoio para viagens tripuladas a Marte. Parece espetacular,