Por que estudar as Forças Armadas?
Bruno Carvalho
Introdução:
O presente trabalho tem por objetivo abordar a atuação política dos militares subalternos das Forças Armadas, concentrando mais especificamente sua atenção sobre os sargentos. Suas lutas tinham por objetivo conquistar benefícios que pudessem abrandar as duras condições existenciais e profissionais prescritas no "ser subalterno" daquele período, tais como alimentação de melhor qualidade, autorização ao matrimônio, direito a trajar-se à paisana quando nos períodos de folga ou férias e, sobretudo, a questão da estabilidade profissional. Estas lutas abrangeram, também, reivindicações que giravam em torno da extensão dos direitos básicos de cidadania, como a liberdade ao associativismo representativo e, principalmente, a questão do direito à elegibilidade.
Por que estudar os praças das Forças Armadas?
No que tange especificamente aos militares subalternos, a sua menção na maioria dos trabalhos acadêmicos é apenas ocasional, servindo como suporte à melhor compreensão da organização militar como um todo. Além disso, as Forças Armadas são, quase sempre, observadas sob o ponto de vista dos oficiais – entendidos como porta-vozes da instituição, elementos legitimadores de pressões e exigências e ponto cardeal norteador dos passos dados pelas Forças Armadas em questões políticas. É, portanto, de cima para baixo, ignorando ou subestimando as reciprocidades entre comandantes e comandados, que a maior parte desses estudos conduzem suas argumentações. O tratamento historiográfico dos militares subalternos constitui, portanto, território ainda pouco explorado. Logo, revisitar a atuação política dos subalternos militares, integrando-a ao conjunto da memória geral dos movimentos políticos e sociais defensores de reformas que ampliassem o escopo dos direitos de cidadania e participação política no Brasil, mostra ser iniciativa de grande relevância. Primeiro, porque pressupõe compreender uma