Por debaixo das asas do dragão.
Jane & Katniss
Agosto de 1969, era uma quarta-feira chuvosa, a noite acabara de pairar sobre os cidadãos de Seattle, quando Jane bate a porta de casa com a mesma força que usara para esbofetear sua mãe 15 minutos antes. O motivo fala por si só: Cristine, a mãe da jovem Jane Gardner, era uma católica daquelas fervorosas, que vão a Igreja de domingo a domingo, tem altares e altares em casa dos santos mais diversos e antigos possíveis, norteia sua vida em cima da sua crença, e por tradição, obriga sua filha a seguir seus passos. Já Jane, era a efervecência dos anos 60, a beleza em forma de explosão de cores, de sentidos, de vida. A hippie, a fedorenta, a drogada, a lésbica, a louca. Completamente alheia ao conservadorismo materno que era insuportávelmente obrigada a aturar diariamente. Acho que ficou claro. Voltando. Jane, um metro e sessenta, 18 anos, cabelos cor de pêssego aveludado, olhos verdes como uma floresta prestes a te engolir, branca como a neve que estava prestes a cair, pegou seu carro, ligou o rádio no maior volume que o aparelho conseguia sustentar, e ao som de ''Bold as Love - The Jimi Hendrix Experience'' acendeu seu cigarro, e na alegria de ter chegado o tão esperado dia, foi rumo ao centro de Seattle, ao encontro de alguém especial, que acabara de ser dispensada da clínica de reabilitação Mr. Jamfrey's House. E quem era esse tal alguém que teria feito a jovem Gardner mergulhar os braços no pescoço de sua mãe e sair em um dia chuvoso, para dirigir 50 quilômetros em uma plena quarta-feira?
Katniss Watts era seu nome, mas preferia ser chamada de Lady Janis, em homenagem a Janis Joplin, uma das cantoras mais influentes no movimento de contracultura da década de 60 nos Estados Unidos, e obviamente, sua maior ídola. Lady Janis, enfim, era a namorada de Jane, de mesma idade, e estavam juntas a quase 6 anos, desde que se conheceram no colégio, assim que entraram para o ensino fundamental. De início, o relacionamento