POPULISMO CARDENISTA: O CASO MEXICANO
Contexto social, econômico e político.
Ao pensarmos os contextos político, social e econômico do México no momento de advento do governo populista de Lázaro Cárdenas, faz-se de fundamental importância entendermos, minimamente, os processos desencadeados pela Revolução Mexicana (1910-1920)* que foi responsável por modificações significativas em toda a sociedade, cuja máxima representação está na Constituição de 1917 , considerada como a mais progressista e avançada da América Latina1. No entanto, para se chegar a este resultado foram necessários 10 anos de lutas sangrentas que mataram por volta de 1 milhão de pessoas.2 Este contexto, único na América Latina, tratará de dar ao populismo mexicano características peculiares que o diferenciarão dos demais casos de populismo contemporâneos a ele. A Revolução Mexicana, também chamada de Revolução Camponesa de 1910, tem o seu cerne na questão agrária, mas não se restringe exclusivamente a ela. Temos anteriormente, sob a ditadura de Porfírio Diaz (1876-1880/1884-1911), um processo de concentração da propriedade fundiária ao lado de uma política de exclusão social e política das massas mexicanas. Sendo assim, a Revolução Mexicana engendra a luta contra o Estado aristocrático somadas à “questão agrária” de luta contra o latifúndio e defesa da pequena propriedade e à demanda por direitos políticos: liberdade eleitoral e igualdade de direitos3. Dentro destas novas demandas sociais temos a luta armada encabeçada pelos líderes camponeses Emiliano Zapata e Francisco Villa, cujo lema central era: terra para os despossuídos. No entanto, após 1915 a direção do movimento sai das mãos do campesinato e se concentra nas mãos da burguesia o que denota a tentativa de desorganizar a luta camponesa através do assassinato de Zapata (1919) e Villa (1923) 4. Todavia, algumas conquistas revolucionárias se tornaram irreversíveis como o direito à pequena propriedade garantido pela Constituição de 1917. Diz em seu