Popper
Muito já se falou sobre a dissidência entre Karl Popper e Thomas Kuhn no que diz respeito à natureza da ciência. Enquanto o primeiro vê na constante crítica a forma mais legítima de progresso científico, Kuhn acredita que é exatamente o abandono do discurso crítico que caracteriza a ciência madura. Ao contrário de Popper, ele também crê que uma mudança de teoria não pode ser constrangida por nenhum método que se assemelhe ao processo dedutivo de falsificação, defendendo em vez disso a importância de elementos subjetivos em tais ocasiões, consequência inevitável da incompatibilidade de teorias.
Popper, enquanto um realista convicto, acredita que teorias sucessivas aproximam-se cada vez mais de uma descrição correta da realidade, razão pela qual ele utiliza a ideia de ‘verdade reguladora’ como um padrão pela qual podemos medir o progresso de nossas teorias científicas (POPPER, 2008, p.255). Kuhn, por outro lado, nega que teorias sucessivas deem um retrato cada vez mais aproximado do que podemos chamar de ‘mundo real’, falando em vez disso numa capacidade progressiva para a solução de quebra-cabeças como sendo a meta da ciência. Por essa razão, ‘verdade’ para ele teria apenas usos intrateóricos (KUHN, 2006, p.200).
2. O CONCEITO DE SOBRE CIÊNCIA POPPER
O ponto de partida da filosofia de Popper é a formulação de uma metodologia científica que supere as fragilidades do confirmacionismo indutivo de teorias científicas, tido até então como o método legítimo da ciência. Segundo esse autor, não importa que tipo de formulação ou tratamento esse método receba, nunca será possível que os enunciados particulares baseados em observações individuais justifiquem a aceitação dos enunciados gerais que representam as teorias científicas (POPPER, 2007, pp. 27-31). Nesse sentido ele oferece uma metodologia alternativa que, valendo-se da lógica dedutiva, pretende emprestar à ciência a mesma credibilidade que tal lógica já gozava no que diz respeito à confiabilidade