Políticos corruptos apostam na morosidade da Justiça
Crítico do foco excessivo do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, o ministro Marco AurélioMello enxerga na morosidade da Justiça um fator para contribuir com a permanência de políticos corruptos no poder. Em entrevista concedida ao iG , o ministro afirma que a Justiça brasileira tem hoje na lentidão dos processos e no excesso de recursos elementos que ajudam a estabelecer uma espécie de salvaguarda aos réus que já se tornaram alvo de uma condenação.
Um caso que se tornou referência nesse quesito foi o do ex-deputado federal Natan Donadon (sem partido-RO), que exerceu o mandato durante três anos na Câmara, mesmo depois de ser condenado no STF a mais de 13 anos de prisão, pelos crimes de quadrilha e peculato.
“Que se viabilize a revisão do que foi decidido. Mas ter-se dois, três, quatro, cinco recursos é uma demasia. E aí acaba-se apostando na morosidade da Justiça. Busca-se até mesmo um mandato para se ter uma blindagem, ou seja, não ficar ao alcance tão rapidamente de uma persecução criminal”, afirmou o ministro. “Acaba sendo um elemento que projeta no tempo o desfecho do processo e isso não é bom em termos culturais”, assinalou.
Na avaliação do ministro, o Supremo ainda se vê preso ao julgamento do mensalão , embora a ação penal 470 comece a caminhar para um desfecho. Ele voltou a dizer que o STF se transformou “num tribunal de processo único” e se queixou da extensão dos votos proferidos por seus colegas na Corte. “Nós não otimizamos o tempo. Continuamos com votos muito longos, votos intermináveis. Algo que não acontecia no passado”, afirma Marco Aurélio.
Ainda assim, o ministro se diz convencido de que a execução de sentenças do mensalão sairá no início do ano que vem. “Eu espero que ainda no primeiro semestre de 2014 liquidemos esse processo. E tenhamos