Política e cidadania
Prof.ª Dr.ª Gilda Naécia Maciel de Barros
FEUSP
Polis e Política
Se a história, pródiga no registro de formas de convivência, acusa a importância da cidade-estado, experiência humana única que já os gregos reconheciam como tal, a filosofia, atenta às formas de pensamento, chama-nos a atenção para a política, esta criação espiritual genuinamente grega, extremamente fecunda pela constituição de teorias do Estado e da Sociedade, pela invenção de artes (tecknai) apropriadas à sustentação da vida associada (dialética e retórica), como também por um legado de valor inestimável - a prática da democracia.
Política
Embora o termo ‘política’, como ‘político’ e ‘polites’ (cidadão) nos remeta ao mesmo radical, polis, a compreensão e extensão do conceito assumiram, tanto na Grécia antiga como nos tempos que lhe sucederam, uma dimensão que acabou por ultrapassar as fronteiras da cidade-estado, tornando-se dela e de sua história até certo ponto independentes. Vamos considerar aqui alguns aspectos dessa relação entre a polis e a política, que com ela historicamente se afina para, de alguma forma, superá-la. A figura do polites (cidadão) deverá assomar como um símbolo e expressão dessa relação.
A Polis
A polis tem, é certo, o seu tempo : aos olhos do historiador ela é um fato - há mesmo um certo consenso em se fixar o século VIII a.c. como o seu terminus a quo: - então, ampliando seus horizontes em direção a terras longínquas, desdobra-se no lar distante (apoikia), organiza-se, sob as bênção de deuses tutelares, em um centro cívico, constitui uma justiça comum e fixa a constelação de seus valores sociais. Ela tem um terminus ad quem - nos quadros do império de Alexandre, reduz-se à importância de município e, com o passar do tempo, vê-se, cada vez mais, limitada em sua independência política, abafada em seu orgulho pelo brilho da corte, diluída na amplidão do reino helenístico.
Fora de sua