Política Econômica Grécia
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Enquanto observamos com terrível fascínio a crise soberana da dívida levar instituições políticas gregas à beira da desintegração, a compreensão que lentamente pode despontar nos europeus é a de que essa erupção pode rapidamente se mover das telas das suas TVs para suas ruas e bancos. Até agora, porém, o debate público nos Estados europeus “apoiadores”, como Alemanha e Holanda, não está focado na possibilidade de contágio e colapso, mas em isolar os países “pecadores” e extravagantes do sul. Do lado oposto do espelho de mal-entendidos, alguns discursos gregos aparentam identificar os “estrangeiros” – Alemanha, FMI e União Europeia – como as forças maléficas do neoliberalismo, forçando-os a pagar as dívidas feitas por incitação dos bancos ocidentais, de um programa austero, cujo objetivo é destruir a economia grega. As tensões crescentes criadas pelos desequilíbrios estruturais da União Monetária e Econômica na Europa claramente se deslocaram do domínio de economistas, tecnocratas e políticos para um debate público muito mais amplo. A razão para isso é que o euro e a globalização financeira levaram a uma situação onde é necessária a redistribuição de recursos de uma parte da Europa para a outra.
A crise grega pode ser vista como uma ilustração perfeita do trilema articulado por Dani Rodrik em seu recente livro. Rodrik argumenta que é impossível manter simultaneamente (financeira e comercialmente) globalização, soberania e democracia. Ele alega que a globalização erodiu a habilidade dos governos nacionais em fazer manobras independentes e proteger os grupos socialmente mais afetados pelas desvantagens da globalização. Fritz Scharpf tem utilizado o argumento similar de que os desequilíbrios institucionais da União Europeia e o euro afetaram negativamente as democracias de Estados membros, afetando a legitimidade e erodindo as capacidades governamentais de compensar com políticas sociais para compensar e amortecer os efeitos da liberalização do mercado. O que se