Política de Platão
A nossa pergunta inicial seria a seguinte: a ética e a política em Platão estão realmente fundadas em verdades? Vejamos então, a verdade da qual Platão se utiliza para a construção da sua ética e para fundamentar a sua política em A República. Ao pensarmos sobre uma ética na República de Platão, primeiro devemos nos perguntar sobre o que é tratado na referida obra, que nos possibilita a pensar uma ética? Como se sabe, para os gregos, a ética está atrelada ao conceito de felicidade e a ela, por sua vez, depende do bem tomado como referência para o qual os homens devem mover-se. Desse modo, vejamos qual é o bem que Platão toma como referência de felicidade na cidade justa em A República.
Pela pergunta feita no diálogo, esse bem só pode ser a justiça. O esforço do filósofo vai ser o de compreender o que ela é nela mesma, pois é a justiça o fundamento tanto para o ser como para o conviver dos homens em uma polis que pretenda ser justa. Se o bem maior da polis é a justiça, Platão deverá responder as seguintes perguntas sobre ela: O que é a justiça nela mesma? Quais os sinais da justiça na polis? Onde a justiça se encontra? O que os homens possuem que os possibilitam a viver de forma justa? E por que os modelos, tanto de homens como de cidades tendem sempre a decaírem? Seguindo esse roteiro de perguntas, encontraremos na referida obra uma reflexão de Platão sobre uma ética e seu atrelamento com a política. No princípio do diálogo, há uma conversa entre Sócrates e Céfalo que pode parecer de imediato muito simplório, mas que devemos olhar com certo cuidado, já que esse ancião vai fundar o problema a ser desenvolvido no diálogo. Em 328 d – 330 c vai se desenvolver o diálogo entre Céfalo e Sócrates. Em um primeiro momento, o ancião saúda Sócrates e expõe o prazer de tê-lo como um bom e velho amigo e comenta ao amigo, que não se