Política de Guerra s Drogas nos Estados Unidos x Política de Redução de Danos na Holanda
Guerra às drogas
A ideia de que o consumo de drogas demonizava e induzia seus usuários à violência sempre esteve presente no imaginário cristão ocidental. Moralmente, o pensamento cristão sempre condenou o consumo de plantas e fungos psicoativos, especialmente os outrora vinculados a rituais pagãos, como o cânhamo, a mandrágora, o ópio, a Amanita muscaria além de outras (SCHULTES et al, 1992). Durante a Revolução Científica (século XIX), a obtenção de princípios ativos isolados produziu apresentações mais potentes, aumentando os relatos de acidentes e complicações entre os usuários. Vinculada a esse movimento, a nascente psiquiatria contemporânea passou a identificar nas substâncias propriedades capazes de levar seu consumidor à degradação moral e ao vício, posteriormente denominados dependência (ESCOHOTADO, 1995). Na Idade Média, os cruzados se assustaram com os métodos de guerra de Hassan bin Sabbath e seus soldados usuários de haxixe. Passaram a chamá-los de haxixins ou assassinos (ashishins) e o termo se generalizou para denominar todo aquele que é capaz de exercer atos de violência contra a vida humana com requintes de crueldade (CASHMAN, 1996). Durante o período colonial nas Américas, o consumo do cânhamo pelos escravos, durante seus rituais religiosos era associado à lascívia e ao descontrole (DÓRIA, 1958). No mundo industrializado do século XIX, o consumo dessas substâncias entre as classes sociais mais pobres e excluídas, como os proletários, imigrantes e negros, foi cada vez mais relacionado às manifestações de raiva e violência que eclodiam de modo explosivo e desordenado em todo mundo desenvolvido daquele período (MUSTO, 1987).
Após os anos 50 e 60, época em que houve o surgimento do uso recreativo da heroína e do LSD – posteriormente proibidos – houve então o crescimento do uso da cocaína e o surgimento do crack. A partir disso, as políticas repressivas passaram