Política da Educação
Clássica1
Wolfgang Degenhardt2
Os mais antigos sistemas de educação conhecidos na história tinham dois objetivos principais: ensinavam religião e transmitiam as tradições da tribo ou da nação de uma geração à seguinte. No antigo Egito, a pequena elite educada nas escolastemplos também aprendia a ler e escrever, algum cálculo e o que já então era conhecido sobre ciência e arquitetura. Na Pérsia e na
Grécia, esse programa se expandia pela inclusão de treinamento físico (ginástica) e música. No judaísmo tradicional, o
Talmud também requeria, entre outras habilidades particulares e profissionais úteis, que se ensinasse a uma criança pelo menos uma língua estrangeira.
Na Grécia clássica, as várias Cidades-Estados tentaram dar à sua
“nobreza” – os descendentes masculinos das principais famílias – uma educação completa, que os capacitaria a ocupar as posições de liderança no
Estado. Em Esparta, o aspecto militar era fundamental para a educação desta
“classe alta”. Ao que parece, os antigos espartanos pensavam que um lutador perfeito daria também um perfeito chefe de Estado. [...] Assim, todo espartano livre era treinado para ser um “rei” e, de fato, todo espartano livre era chamado de rei.
Ensinar “virtudes” como austeridade, bravura ou sabedoria às diferentes classes da sociedade era também o objetivo da ideia platônica de παιδαγογικη τεχνη (Paidagogiké Techné), a “técnica” ou “arte” da educação. Muito menos marcial, mas não menos voltada para a elite do que em Esparta, a educação nas cidades-estados da Grécia clássica significava a criação de uma classe de nobres bem treinados, capacitados para reinar sobre o Estado ou governá-lo.
Pensava-se que esta capacitação seria conseguida mediante o equilíbrio das condições básicas da mente humana: razão, vontade e desejos. Para alcançar esse equilíbrio, era preciso ensinar mais do que habilidades básicas, seria
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