Política Comercial na Prática
No capítulo anterior, foram mencionados os dez instrumentos de política comerciais mais adotados pelos governos para proteger o mercado doméstico. Esse rol não esgota as possibilidades, pois há muitas maneiras de se restringir o comércio exterior. Ressalte-se que, qualquer que seja o instrumento empregado, sempre se observa distorções na produção e no consumo, diminuindo o bem-estar dos parceiros comerciais. Por essa razão, a maioria dos economistas faz objeções à adoção de medidas protecionistas.
O livre comércio é apresentado pelos economistas clássicos como a melhor política, porque conduz ao uso eficiente de todos os recursos disponíveis. Essa é uma condição necessária para atingir o máximo bem-estar mundial, mas não é suficiente, pois, como ocorre transferência de renda entre pessoas e nações, alguns ganham e outros perdem com a liberdade de comércio.
Economistas neoclássicos argumentam que os ganhos em eficiência proporcionados pelo livre comércio seriam suficientes para compensar as perdas dos que fossem prejudicados. Com um mecanismo adequado de redistribuição de renda seria possível melhorar a situação de todos.
No mundo real, no entanto, esse mecanismo de compensação não é assegurado, e os que defendem o protecionismo frequentemente o fazem sob a perspectiva daqueles países que sofrem perdas com a liberdade de comércio. Advogam a intervenção pública como forma de neutralizar os prejuízos resultantes das trocas internacionais e de alavancar o desenvolvimento econômico.
O alemão Friedrich List, no século XIX, e o argentino RaúlPrebisch, após a II Guerra Mundial, foram dois autores que apontaram falhas do argumento a favor do livre comércio, por seu efeito deletério para os países menos desenvolvidos. Suas contribuições à ciência econômica exerceram influência marcante sobre a condução da política comercial de muitas nações, inclusive a brasileira.
Na prática, independentemente da interpretação teórica de referência,