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ISSN – 1808 -8473
Revista online do Grupo Pesquisa e Estudos em Cinema e Literatura
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RASHOMON E MODERNIDADE: SELF, NARRAÇÃO E ALTERIDADE
André Keiji KUNIGAMI1
Resumo: Rashomon (Japão, dir. Akira Kurosawa, 1951), filme responsável pela inaugural presença do cinema japonês no ambiente internacional, em 1951, aqui é ponto central para abordar a formação discursiva da modernidade. Os discursos crítico, artístico e cinematográfico são interceptados tomando-se como ponto de partida a transposição da literatura para o cinema dos contos Dentro do Bosque e Rashomon, de Ryunosuke
Akutagawa, realizada por Akira Kurosawa, e a constituição de uma subjetividade moderna a partir do conceito de ‘self’. O entendimento dos discursos nas diferentes épocas (início do século XX e pós-Segunda Guerra Mudial) abre as arestas dos procedimentos de constituição de tradições e cinematografias, culminando com o próprio discurso da crítica já nas décadas de 1960 e 1970.
Palavras-chave: Rashomon; modernidade; self; narração; alteridade.
Introdução
O filme Rashomon foi responsável pela divulgação, num âmbito mundial, do cinema japonês. Em 1951, ele foi apresentado no Festival de Veneza, causando entusiasmo em público e crítica, e acabou ganhando o Grande Prêmio do festival naquele ano e, posteriormente, ganhou o Oscar nos Estados Unidos. Seu sucesso foi tamanho que ocasionou não só um interesse nas audiências mundiais em assistir ao filme, mas também uma vasta produção discursiva, jornalística e acadêmica, sobre ele. O filme é uma adaptação de dois contos – Rashomon e Dentro do Bosque (Yabu no Naka) – de Ryunosuke Akutagawa, escritor japonês do início do século XX, dirigido por Akira Kurosawa.
Este artigo tem como seus objetivos: primeiro, posicionar o filme dentro do contexto cultural de que se originou, colocando-o em relação com o seu espaço imaginário da época, considerando-se o