Maquiavel (1469-1527) realiza uma revolução no modo de pensar a política. O seu pensamento difere dos gregos que tratavam a política numa linha normativa, isto é, a idealização de um governante para administrar os assuntos da polis, e do pensamento medieval que abordava a política em uma perspectiva religiosa. Maquiavel trabalha a política com uma postura autônoma, isto é, não busca mais idealizar um governante ou explicar os acontecimentos políticos sob a ótica da religião. Pelo contrário, Maquiavel desenvolve um pensamento realista, por isso é considerado o fundador da ciência política. Por isso, sua preocupação é analisar como os homens agem de fato para conquistarem e se manterem no poder, a fim de proporcionar a melhor prática da ação política. Maquiavel garante a autonomia da ciência política, afastando-a do controle da religião, fazendo da reflexão política uma atividade secularizada, ou seja, centrada nas questões concretas do cotidiano independente da autoridade religiosa. Para Maquiavel, o governante virtuoso é aquele que age certo na hora certa, ou seja, sabe aproveitar os momentos certos para agir, a fim de conquistar e manter o poder... Todos os valores éticos são vistos sob a ótica das conseqüências do ato político. Em determinados momentos, por exemplo, o governante precisará agir com força, caso seja necessária para conter uma revolta que esteja ameaçando o controle da situação de quem está no poder. Podemos ver em Maquiavel um pensador que tem uma visão pragmática da ação política, ou seja, sua preocupação é mostrar como e porque pessoas conseguiram se manter ou não no poder. Sua contribuição está exatamente no fato de estabelecer a autonomia da ciência política.