Politica
Por Lucinda Pinto, Antonio Perez e Edna Simão
O leilão de títulos prefixados realizado ontem foi uma boa fotografia do ambiente de aversão a risco que domina o mercado local, em meio à percepção de que o Brasil deve ter sua nota rebaixada em breve. Na estreia do novo referencial de dez anos da dívida interna, a NTN-F 2025, o Tesouro pagou a maior taxa em uma estreia de um papel com essas características, de 13,3899%.
Apesar de o custo ter sido considerado elevado, o coordenador-geral de planejamento estratégico da dívida pública do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, afirmou que, comparado com o histórico do Brasil nos últimos anos, a taxa é "bastante interessante". Ele ressaltou que, com base nos leilões de títulos com vencimento em 2021 e 2023, o resultado apresentou um prêmio acima do título de 2023, de 13 pontos, quando se esperava que fosse de até 18 pontos. A demanda, disse, foi superior a oferta em cinco vezes.
"Não é o resultado de hoje ou de amanhã ou de um leilão em particular que vai definir a evolução desse título. Esse título será construído ao longo de um período longo", destacou. "A definição da taxa de juros é dada pelo mercado em função, principalmente, da curva de juros futura, a partir de suas expectativas", acrescentou.
Embora uma demanda maior do que as tesourarias enxergavam tenha aparecido - o Tesouro conseguiu vender um lote considerado robusto, de 2 milhões de títulos. Mas a maior procura pelo papel não foi suficiente para amenizar o prêmio exigido pelos investidores. Isso confirma que é exatamente o rendimento elevado - e caro para os cofres do governo - que estimulou parte dos investidores a participar. "Isso não foi suficiente para melhorar as condições da venda", afirma Vitor Péricles, da Ativa Corretora.
Para o sócio gestor da Modal Asset, Luiz Eduardo Portella, os preços pagos pelos papéis do Tesouro, de fato, "mudaram de patamar". "Acho que o mercado tem na cabeça que um