politica social
Instrumento de reversão ou manutenção das desigualdades?
No Brasil, não é possível falar de um Estado de Bem Estar tal como se observa na experiência internacional. Mas, considerando as especificidades da experiência brasileira, a literatura que trata das políticas sociais demarca os anos 30 do século passado como o período em que o Estado passou a intervir de forma mais explícita nas relações entre capital e trabalho[5].
A complexidade das relações sociais nas sociedades modernas, por vezes, dá a impressão de um distanciamento cada vez maior na relação Estado/sociedade civil como se o Estado se constituísse em um ente à parte da sociedade e como se as relações sociais não tivessem determinações mais amplas e estruturais. Assim, a compreensão das questões mais relevantes do pensamento político moderno, na relação Estado/sociedade civil, permite, com maior clareza, perceber que essa relação, na realidade, é entrelaçada. Essa clareza é fundamental para a formação profissional e para o exercício da cidadania numa sociedade cada vez complexificada.
O ponto de partida para entender essa relação entrelaçada, dentro dos limites do presente trabalho, passa pela compreensão da natureza do Estado
(moderno), seu papel e características. Nessa linha de raciocínio pode-se perceber que, mesmo para os defensores mais liberais do Estado, esse imbricamento entre
Estado/sociedade civil sempre esteve presente. A questão é o quanto o Estado deve interferir na relação com a sociedade, sobretudo, na relação Estado/mercado. A forma para entender um pouco essa discussão caminha pela leitura de alguns pensadores clássicos (e liberais) do Estado moderno (Hobbes, Locke e Rousseau), procurando indicar não só o papel desse Estado, numa compreensão recortada, qual seja, sua natureza de Estado, mas também a idéia de um Estado mediador/interventor na sociedade. Em seu princípio, o Serviço Social serviu aos propósitos da burguesia,