Politeísmo ou Pluralismo moral
Uma
das
características
das
sociedades
contemporâneas é
a
possibilidade de contato entre diferentes grupos e culturas. Neste sentido, são muitos os modos de compreender e interpretar o certo e o errado, isto é, os códigos morais. É importante notar que estes códigos morais podem estar presentes em um mesmo grupo social ou em diferentes grupos que se relacionam entre si. É nesse contexto que surge o embate entre o que denominamos universalismo ético, ou seja, a defesa da existência de alguns valores que deveriam ser aceitos como referência para todos os códigos morais, e o relativismo ético, que defende que cada cultura possui seus valores particulares, os quais devem ser reconhecidos como válidos e tomados como referência para orientar o agir de seus membros.
O politeísmo moral
Para a filósofa espanhola Adela Cortina, o politeísmo moral, teria como característica a crença de que “as questões de valores morais são ‘muito subjetivas’”,ou seja, “cada pessoa elege uma hierarquia de valores ou outra, porém a elege por uma espécie de fé”. Neste sentido, numa situação de diálogo ou de confronto de perspectivas, não é possível convencer os outros de que os valores eleitos como referência para as ações são melhores ou piores, porque não existem argumentos para questões de fé. Tratar-se-ia, apenas, de uma escolha involuntária. Segundo o politeísmo moral, cada um adota seus valores, e aceita sua validade apesar da impossibilidade de se “dar razões que possam nos levar a encontrar um acordo argumentado, a um acordo intersubjetivo”[1]. Talvez, no contexto brasileiro, é possível que alguém, equivocadamente, deseje tal situação, tendo em vista a vontade de recusar definitivamente o monismo moral experimentado como uma imposição durante recente período de nossa história. O politeísmo moral pode, inclusive, parecer mais moderno, liberal ou tolerante. No entanto, ele é inadequado, pois coloca a