Polis
A prosa gostosa do literato combina-se com a riqueza de conteúdo do acadêmico para fazer um livro ímpar, necessário, invariavelmente atual, sobretudo em tempos de descrédito preocupantemente generalizado em relação à esfera política entre a população brasileira. A atitude fatalista, desinteressada e apática é justamente a pior alternativa para contornar a crise política nacional, pois interessa aos donos do poder. Conforme insiste o autor, não há atitude apolítica, de modo que estamos sempre envolvidos em algum tipo de escolha ideológica. Vale lembrar as palavras de Max Weber: “Neutro é aquele que já optou pelo lado do mais forte”.
Para um país em que a democracia sempre foi um mal-entendido, como dizia Sérgio Buarque de Holanda, nada mais apropriado do que começar o livro definindo a própria política e como ela diz respeito a todos e a cada um de nós. Afinal, trata-se de pressupostos básicos para o bom andamento de qualquer regime democrático. Seguem-se, então, alguns capítulos sobre o Estado: seu surgimento, suas atribuições, sua relação com a nação, com a violência e com os indivíduos.
Depois, o autor trata das democracias e ditaduras e nos ensina que o limite entre uma e outra pode ser bastante tênue, na medida em que raros são os regimes que se afirmam autoritários explicitamente. No plano do discurso todos são democráticos. Os EUA se dizem democráticos, tal qual a extinta URSS se declarava. Não