Pol Mica Mesa
Feijão servido sobre arroz em prato tipicamente brasileiro. Variedade geneticamente modificada da leguminosa pode oferecer riscos ao meio ambiente e à saúde humana, dizem pesquisadores. (foto: Henrique Dante de Almeida/ Wikimedia Commons)
Até 2015 deve começar a ser cultivado no Brasil o feijão resistente ao vírus do mosaico dourado, primeiro transgênico desenvolvido com tecnologia 100% nacional e liberado para plantio e comercialização pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança(CTNBio).
O que pode soar boa notícia para agricultores, que veem na nova variedade uma solução para as perdas enfrentadas com a praga, é motivo de preocupação para alguns pesquisadores. Para eles, o cultivo e o consumo de organismos geneticamente modificados (OGMs) desenvolvidos com a tecnologia usada no feijão transgênico podem oferecer riscos à saúde e ao meio ambiente.
Essa tese é tema de artigo publicado na atual edição do periódico científico Environment International, no qual pesquisadores de Brasil, Austrália e Nova Zelândia questionam a atuação de órgãos reguladores de cada um dos países na liberação de OGMs.
Para eles, ao liberar o cultivo e o comércio de OGMs que contêm moléculas chamadas de RNA de fita dupla (dsRNA) – caso do feijão resistente ao mosaico dourado –, os órgãos reguladores estariam ignorando a possibilidade de efeitos adversos ao usar critérios ultrapassados de análise de risco.
Foram estudados os casos do Food Standards Australia New Zealand (FSANZ), que atua na Austrália e na Nova Zelândia, do Office of the Gene Technology Regulator(OGTR), da Austrália, e da CTNBio, do Brasil.
“A ideia de escrever o artigo surgiu porque vimos que esses três órgãos agem de maneira muito parecida”, diz a agrônoma brasileira Sarah Agapito, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), coautora do artigo.
A produção comercial do feijão resistente ao vírus do mosaico dourado foi aprovada em setembro de 2011 após cerca de uma década de