Poesias
Pesquisa e coleta de poesias dos seguintes poetas românticos da fase ultrarromântica do romantismo brasileiro, Casimiro de Abreu e Fagundes Varela, contendo três poemas de cada e bibliografia dos mesmos.
Capítulo 1
Luis Nicolau Fagundes Varela
Cântico do Calvário
À MEMÓRIA DE MEU FILHO
Morto a 11 de dezembro de 1863
Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança. — Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime.
Eras a glória, — a inspiração, — a pátria,
O povir de teu pai! — Ah! no entanto,
Pomba, — varou-te a flecha do destino!
Astro, — engoliu-te o temporal do norte!
Teto, — caíste! — Crença, já não vives!
Correi, correi, ó lágrimas saudosas,
Legado acerbo da ventura extinta,
Dúbios archotes que a tremer clareiam
A lousa fria de um sonhar que é morto!
Correi! Um dia vos verei mais belas
Que os diamantes de Ofir e de Golgonda
Fulgurar na coroa de martírios
Que me circunda a fronte cismadora!
São mortos para mim da noite os fachos,
Mas Deus vos faz brilhar, lágrimas santas,
E à vossa luz caminharei nos ermos!
Estrelas do sofrer, — gotas de mágoa,
Brando orvalho do céu! — Sede benditas!
Ó filho de minh'alma! Última rosa
Que neste solo ingrato vicejava!
Minha esperança amargamente doce!
Quando as garças vierem do ocidente,
Buscando um novo clima onde pousarem,
Não mais te embalarei sobre os joelhos,
Nem de teus olhos no cerúleo brilho
Acharei um consolo a meus tormentos!
Não mais invocarei a musa errante
O General Juarez
Juarez! Juarez! Sempre teu nome
Da liberdade ao lado!
Sempre teus brados ao passar dos ventos!
Sempre a lembrança tua
A cada marulhar de humanas vagas!
Em que fonte sagrada
Bebeste esse valor e essa firmeza
Que os reveses não quebram?
Quão enganada marcha a tirania!
Quão cego o despotismo