Poesias XXX
Para aqueles que não pensam
Não refletem sobre a vida
A estes só resta viver
Como uma flor despercebida
É bonito, ninguém nega
Mas para um vegetal
É viver, é ter vida
Mas não a plenitude total
Será possível, meu Deus
Ser tão cego, não ver
Que a vida é mais que viver
É algo que transcende até
A dormir, respirar, comer?
Carlos Rio, 05 MAR. 83
XXX
Arames farpados me amarram
E rasgam a carne em chagas
Me apertam, não me deixam mover
Impedem lutar por você
Cacos de vidro ao chão
E pregos, e farpas, pedras
Cortam e furam os pés
Não deixam que eu chegue a você
Facas de fio, agudas lâminas
Dilaceram meu corpo a esmo
Desfiguram para que eu não possa
Ver em mim eu mesmo
Mas não existe nada no mundo
Que seja capaz de impedir
A admiração e o amor por você
Que nunca deixarei de sentir
Carlos Rio, 82
XXXX
Fala, Poeta!
Solta as amarras atadas a ti
Diz nos teus versos, a muito guardados
O sangue que corre, Quasar, arterial
Fala, Poeta!
Mostra nas letras o que sentes aqui
Nesta cachola de velhos guardados
Taquicardia arrítmica banal
Fala
Fala com nexo
Sentimento complexo
Abre a chaga
Fala
Direto do plexo
Fala do sexo
E, à alma, afaga
Fala, Poeta!
Da solidão, da distância, daqui
E da certeza que, em outros arados
A mulher te espera. É o principal.
Carlos Rio, 22 SET. 83