Poesias de Olavo Bilac
Olavo Bilac
Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado, Nem só desejo o teu amor: desejo Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo. E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar; E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza, Ficar na terra e humanamente amar.
VIRGENS MORTAS
Olavo Bilac Quando uma virgem morre, uma estrela aparece,
Nova, no velho engaste azul do firmamento, E a alma da que morreu de momento em momento,
Na luz da que nasceu palpita e resplandece. O' vós que, no silencio e no recolhimento Do campo, conversas a sós quando anoitece, Cuidado! - o que dizeis, como um rumor de prece,
Vae sussurrar no céu, levado pelo vento Namorados, que andares com a boca transbordando
De beijos, perturbando o campo sossegado E o casto coração das flores inflamando, - Piedade! Elas veem tudo entre as moitas escuras... Piedade esse impudor ofende o olhar gelado! Das que viveram sós, das que morreram puras!
delirio
Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
– Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!
Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.
Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
– Mais abaixo, meu bem! – num frenesi.
No seu ventre pousei a minha boca,
– Mais abaixo, meu bem! – disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci....
DIAMaNTE NEGRO " (JUVENTUDE)
"VI-TE UMA VEZ, E ESTREMECI DE MEDO...
HAVIA SUSTO NO AR, QUANDO PASSAVAS:
VIDA MORTA ENTERRADA NUM SEGREDO,
LETÁRGICO VULCÃO