Poesia
De um pouco de atenção
Eu nunca estudei
Mas tive educação
E por falta desse estudo
Plantei mandioca, colhi feijão.
Trabalhei duro na roça
Pra manter minha vidinha
Pois tinha o grande sonho
De construir minha casinha
E depois de algum tempo
Criar pato, criar galinha.
Nessa vida sertaneja,
Eu tinha que me virar
Minha escola era o roçado
Meu diploma trabalhar
Mal tinha tempo pra comer
Imagina pra estudar.
Até tentei ir à escola
Pois via nela grande importância
Mas meu pai foi me buscar
Com tamanha arrogância
Me arrancou à força da sala
Fui vítima da ignorância.
Saindo à força da sala
Mesmo contra a vontade
Olhei no rosto de meu pai
E não vi nenhuma maldade
Vi lágrimas escorrerem
Voltei à realidade.
Realidade de gente pobre
Que não tem onde viver
Pessoas sem identidade
Pois trabalham pra comer
De pessoas com futuro duro
Sem na vida ter prazer.
Fiquei anos trabalhando
Para nada conseguir
Hoje tenho 20 anos
E quero sair daqui
Vou pra capital
Pra tentar reagir.
Arrumei minha bagagem
E tomei minha direção
“Vou para Salvador”
Sem ter diploma na mão
Com mente de analfabeto
Mas com fé no coração. Chegando na rodoviária
Já veio o primeiro tormento
Entrei dentro do ônibus
E saí no mesmo momento
Pediram minha retirada
Eu não tinha documento.
Saindo daquele ônibus
Me senti meio cercado
Mas em todos que entrava
Eu era rejeitado
Então loquei um carro
E nele fui transportado.
Chegando na cidade
Não tinha nenhum companheiro
Aluguei um quarto simples
Pois tinha pouco dinheiro
Estava atrás de todos
Mas queria ser o primeiro.
Então, fui para a luta
Para um emprego procurar
Minha animação era grande
Eu queria trabalhar
Só não estava preparado pra ver
O que a vida ia me mostrar.
Na primeira entrevista,
Me mostrei de peito aberto
Naquele momento pensei,
Meu emprego já é