Poesia no Realismo
Paradoxalmente, a poesia da época do Realismo retoma a altura e o prestígio lírico de Bocage e Camões. Talvez porque o poema se tornasse o molde ideal para fundir as ideias candentes no espírito da geração realista e mais facilmente comunicasse o seu conteúdo explosivo, o certo é que os realistas portugueses não descuraram da poesia e conseguiram atingir níveis de primeira grandeza, acabando por fazer do Realismo uma época rica de actividade poética. Ao contrário do Romantismo, é uma quadra de muitos e grandes poetas. Em consonância com o espírito que guiou a geração realista, a poesia da época segue várias direcções: a poesia "realista", a poesia do quotidiano, a poesia metafísica e a poesia de veleidades parnasianas.
A poesia "realista" deve ser entendida como aquela que serviu, de modo directo, aos desígnios reformistas da geração realista: sem se confundir com o Parnasianismo (como querem alguns), essa poesia é a que teve carácter revolucionário, serviu como arma de combate, de acção, em suma, poesia "a serviço" da causa realista, o que equivale a dizer poesia compromissada ou engagée. Estão nesse caso, ao menos em parte de sua trajectória: Guerra Junqueiro, Gomes Leal, Antero de Quental, Teófilo Braga e outros.
Conhecendo a poesia realista.
Para podermos discutir o realismo e a influência que temos dele nas obras atuais, primeiramente precisamos ter uma base de seu momento na história, suas caracteríscas e seus autores. Por isso, este post será dedicado somente a pequena uma ilustração dessa escola literária.
O Realismo português teve seu marco inicial em 1865 com a publicação do livro "Odes Modernas", de Antero de Quental. Foi um período marcado por renovações ideológicas, culturais, políticas, científicas e artísticas. Neste período a vida mental no país lusitano foi sacudida com a famosa Questão de Coimbra, umas das maiores polêmicas literárias portuguesa. Os jovens intelectuais na causa