Poesia, leitura e comunidade virtual de aprendizagem
É possível imaginarmos a reação dos primeiros leitores, acostumados à tradição oral da poesia, diante de um poema manuscrito. Certamente tiveram uma reação de estranhamento diante de um objeto distante de suas vidas, uma vez que a memória humana era o suporte por excelência do texto verbal. A mesma situação deve ter se repetido por ocasião da leitura de um poema impresso, pois a máquina acarretaria a dessacralização do texto, idéia essa ratificada por Chartier (1998). Segundo o estudioso francês, no momento em que Gutemberg apresentou ao mundo a tecnologia de reprodução da escrita através da prensa e dos tipos móveis, também houve resistências. O impresso foi visto com desconfiança, uma vez que distanciaria o autor de seus leitores e também comprometeria a correção dos textos, que passaria a ser realizada por “mãos mecânicas”. Além disso, o escrito impresso passaria a ser comercializado, estando sujeito às leis do mercado como outros tantos produtos, o que, de certo modo, corromperia a aura que o envolvia.
Diante da resistência que muitos ainda afirmam ter diante das tecnologias digitais, a assertiva de Pierre Lévy (1993) nos parece bastante adequada. Segundo ele, ao invés de preocuparmo-nos em defender o impresso clássico, deveríamos estudar a possibilidade de transformação da imagem em uma tecnologia intelectual, o que seria coerente com o tempo em que vivemos, em que o signo audiovisual compõe as