Poesia Brasileira
Professor Valdemar Valente
Faculdade Paraíso
2012
POESIA RELIGIOSA
José de Anchieta (Tenerife, Espanha, 1534 – Reritiba, ES, 1597)
Do Santíssimo Sacramento
Ó que pão, ó que comida, ó que divino manjar.
Se nos dá no santo altar cada dia!
Ò que divino bocado, que tem todos os sabores!
Vinda, pobres pecadores a comer.
Morra eu, por que viver vós passais dentro de mim.
Ganhai-me, pois me perdi em amar-me.
A Santa Inês
Cordeirinha linda, como folga o povo, porque vossa vide lhe dá lume novo!
Santa padeirinha, morta com cutelo sem nenhum farelo é vossa farinha.
Ela é mezinha, com que sara o povo, que com vossa vinda terá trigo novo.
Em Deus meu criador
Não há cousa segura, tudo quanto se vê vai passando
A vida não tem dura.
O bem se vai gastando.
Toda criatura passa voando.
Contente assim, minh´alma, do doce amor de Deus toda ferida, o mundo deixa em calma buscando a outra vida, na qual deseja ser absorvida.
BARROCO
Gregório de Matos ( Salvador, BA, 1623 – Recife, PE, 1696)
À sua mulher antes de casar
Discreta, e formosíssima Maria,
Enquanto estamos vendo a qualquer hora
Em tuas faces a rosada Aurora,
Em teus olhos, e boca o Sol, e o dia:
Enquanto com gentil descortesia
O ar, que fresco Adônis te namora,
Te espalha a rica trança voadora,
Quando vem passear-te pela fria:
Goza, goza da flor da mocidade,
Que o tempo trota a toda ligeireza,
E imprime em toda a flor sua pisada.
Oh, não aguardes, que a madura idade
Te converta em flor, essa beleza
Em terra, em cinza, em pó, em sobra, em nada.
Buscando o Cristo crucificado
A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa cruz sacrossanta descobertos,
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas cobertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
E, por não