Poemas
Eu, que venho de uma aventura infinita, te procurei e te achei em tantos cantos da vida, rezei contigo nos bancos das igrejas, bebi contigo nas noites de tantos bares, dormi, contigo, na cama dos amantes, sorri e chorei por ti em tantas horas loucas, mas, tendo tanto quanto tive, ainda quero tudo: quero apenas ter, em ti, tudo que, em tantas, encontrei disperso. Haverás de ser uma mulher que me incendeie de paixão, de forma tão avassaladora que dormir eu não possa, pelo desejo irrealizado das noites de tua ausência, mas, também, pela arrebatadora viagem, pela imensidão do corpo teu, cada vez que eu te tenha, inteira, por entre os braços meus. Haverás de ser uma mulher que me saiba arranhar as costas, mas que me arranhe devagarinho, com muito zelo e carinho, que me marque, apenas por, no máximo, umas quatro horas, mas que saibas, sempre, ganhar meu coração. Por outro lado haverás de ser uma mulher cotidiana, que, por vezes, as mãos entrelaçadas, me leve ao cinema, e depois, ao jantar, ao me pedires um vinho, seja de extremo bom tom curtires um pilequinho. Quem sabe, haverás de querer dirigir meu carro, pelo prazer feminino de estacionar em fila dupla, só para me ouvir dizer: é, mulher não sabe dirigir, e que, por isso mesmo, me deixe sempre abrir-te as portas, do meu carro e do meu coração. Talvez uma franjinha na testa te fique bem, quem sabe, até, teus cabelos te rocem os ombros, mas é fundamental que me deixes, sempre, desmanchar, com ternura e desajeito, esses cabelos teus. Certamente haverás de ter uma cabeça boa, uma certa sensatez haverá de me fazer muito bem, mesmo que, por ti, me torne um insensato, e na minha insensatez me sinta um sábio, simplesmente por ter você. Haverás de ser, contudo, uma mulher prática, que consigas, por exemplo, que eu enfrente supermercados, com coragem e com audácia, nas mãos uma lista tua, pois que, de comprar, não saberei quase nada, a não ser todas aquelas