Poemas Para An Lise CSH 9020

POEMAS PARA ANÁLISE:
DA ANTIGUIDADE À MODERNIDADE

HOMERO (Séc. VIII a.c.)

Excerto da ODISSEIA:Relato de Ulisses sobre o Ciclope Polifemo

106. Fomos, depois, aportar ao país dos soberbos Ciclopes,
107. destituídos de leis, que confiados nos deuses eternos,
108. não só não cuidam de os campos lavrar, como não plantam nada.
109. Tudo lhes nasce espontâneo, sem uso de arado e sementes,
110. trigo e cevada, bem como videiras, que vinho produzem,
111. de cor vermelha; na chuva de Zeus vem a vida dos frutos.
112. Leis desconhecem, bem como os concílios nas ágoras públicas.
113. Vivem agrestes, somente nos cimos das altas montanhas,
114. em grutas côncavas, tendo cada um sobre os filhos e a esposa
115. plenos direitos, sem que dos demais o destino lhe importe.
116. Nota-se uma ilha pequena, que fora do porto se estende,
117. nem mui distante nem perto da terra dos homens Ciclopes,
118. muito sombreada, onde cabras se encontram em número infindo,
119. todas selvagens, que os passos dos homens jamais afugentam.
120. Nunca, também, caçadores aí chegam, que pelas florestas
121. sofrem trabalhos sem conta, ao pisarem os cimos dos montes.
122. Grandes armentos, também, não se encontram, nem campos arados,
123. mas diariamente produz, sem que seja lavrada ou semeada
124. e erma de gentes; só nutre balantes rebanhos de cabras.
125. Entre os Ciclopes não se acham navios de frente vermelha,
126. nem carpinteiros capazes, que saibam construir segundo a arte
127. naves cobertas, como essas que trocas variadas permitem
128. pelas cidades dos homens, tal como é costume entre todas
129. as demais gentes, que em naves o dorso do mar atravessam.
130. A ilha teriam deixado, sem dúvida, mais habitável,
131. pois não é ruim, mas capaz de gerar toda sorte de frutos.
132. Nela se vêem, junto à margem do mar pardacento, macios
133. e úmidos prados. É certo que a vinha constante daria.
134. Para a lavoura há baixada; no tempo oportuno colhera-se
135. ótima safra, por ser o terreno, todo ele,