Poema Sujo: testamento de Gullar
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
FACULDADE DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LETRAS VERNÁCULAS
DISCIPLINA: LEITURAS DIRIGIDAS: AUTORES E OBRAS
ACADÊMICA: RENATA LOUZADA
POEMA SUJO: o TESTAMENTO de Gullar
Pelotas, 17 de dezembro 2010.
Este trabalho tem por objetivo principal discutir a relação existente entre a criação do texto Poema Sujo, de Ferreira Gullar, e o momento que o autor vivia quando o escreveu.
Será possível pensar o Poema Sujo como um testamento? Além de registrar suas memórias o autor poderia estar pensando em seu legado, em deixar uma “herança” para aqueles que viveriam o futuro, já que o momento pelo qual passava é de extrema aflição?
Para que seja possível fazer tal análise é imprescindível observarmos a influencia do meio na literatura, também será preciso analisar até que ponto as agonias da sociedade influenciam na criação literária do autor e tentar perceber quais as reações e sentimentos que possivelmente estariam sendo enfrentados pelo poeta no exílio.
De acordo com Antonio Cândido, a literatura não é uma simples reprodução da realidade, tampouco uma produção independente e autônoma em relação ao real. Para ele, a subjetividade do autor está presente em sua obra e mesmo que tentássemos analisar uma produção literária a partir de uma perspectiva neutra, no que diz respeito ao real, as escolhas do autor ao produzir seu texto partem da sua experiência, vivida dentro de um esquema cultural. Com isso é possível ao leitor, no ato da leitura, reconstruir essa representação da realidade intrínseca a obra, mesmo que essa não seja a intenção do autor.
Gullar ao escrever “Poema Sujo”, não só estaria produzindo a partir da realidade que estava vivendo, como também deixaria seu texto para ser lido e, nesse ato, ser revivido em outra época, por outra pessoa.
A partir dessa perspectiva, é possível perceber o quanto a ditadura militar influenciou a produção cultural no nosso país. Esse foi um