Poema sobre o amor
É minucioso estado de calamidade preso ao vento nas frestas de uma janela despida. Degrau de primazia esbelta no perímetro do sonho amigo em fotossíntese activa inimigo público, secreto, casual.
Nevoeiro nas pupilas estendidas sobre os dedos sonda de ternura suave, caminho para a perdição alternativa.
Demolição interior, psicopata acelereção de lábios em partículas sorrisos perfeitos, cumplicidades em sintonia, rostos desiguais.
Jogo sem regras, escape sem escolha, sensualidade sem teatro, teatro de talento, voz de desalento, noites de lua nova no silêncio de uma revista.
Calvície de brumas, densos abraços de ramos exuberantes, perfume doce, inóspito deserto rumo à luz.
Loucura de água, veneno recheado de adrenalina, antídoto de carícias pousando plumas na nuca.
Amor, é recrutar no peito os segredos indesvendáveis, escrever guiões impossíveis de seguir, perseguir o passado, tornear o presente, equilibrar o futuro num arame de espasmos de licor.
Corda de violino que vibra em gelo, que arde em chamas ao som de música clássica e adormece sobre a cacimba em foco desfocada num bater dentro do peito.
Câmbio de suor, falésias de corpos supremos explosão de cor, castelos de areia sólida, fragilidade de betão armado como arma oposta à respiração.
Um princípio sem fim, um enxame de lágrimas apavoradas, um fim sem princípio no dorso de pólen onde sentir.
Pétalas e tambores, ouro e espuma, secura e espanto.
Horizontes de tudo onde nunca é crueldade, e certeza é ilusão.
Amor,
É um álbum resistente e brilhante, palidez no cano de uma espingarda, ruína, um tanto de magia fantástica um tanto de saudade qualquer espaço de riso ou nostalgia.
No rosto pétalas líquidas genuínas correndo em fios vermelhos de veludo:
Desérticos. Espinhosos. Mudos.
Enérgicos. Vivos. Delírios. Gargalhadas..
Estrela, planeta, gravidade,
levitação