Poema de camoes e a sua analise
Em prisões baixas fui um tempo atado,
Vergonhoso castigo de meus erros;
Inda agora arrojando levo os ferros
Que a Morte, a meu pesar, tem já quebrado.
Sacrifiquei a vida a meu cuidado,
Que Amor não quer cordeiros nem bezerros;
Vi mágoas, vi misérias, vi desterros:
Parece-me que estava assi ordenado.
Contentei-me com pouco, conhecendo
Que era o contentamento vergonhoso,
Só por ver que cousa era viver ledo.
Mas minha estrela, que eu já agora entendo,
A Morte cega e o Caso duvidoso,
Me fizeram de gostos haver medo.
Luís Vaz de Camões
Explicação do Poema e Auto – caracterização do sujeito poético
Vi mágoas, vi misérias, vi desterros
Assim se pode considerar esta confissão-síntese de uma vida passada que se pressente estar próxima do fim. O sujeito poético teve uma vida de magoas , miséria e no fim da vida passada o sujeito poético relembra esta vida marcada pela dor.
Mas minha estrela, que eu já agora entendo
Versos doridos, desencantados e consciência de uma sorte dura e, finalmente, injusta, que designa de “minha estrela”.Esta “ESTRELA” de uma pessoa que já não absorve a vida , vive sim o passado amargurado e doloroso .Sente – se ainda injustiçado pela destino que teve. Nunca encontrar o grande amor da sua vida ou gostar de uma mulher que o enganou como podemos constatar nos Lusíadas, Adasmastor.
Em prisões baixas fui um tempo atado
Alusão a “prisões baixas” (no sentido real – referência ás prisões sofridas; no sentido conotativo – amores “baixos”);Amores que não foram correspondidos.
Vergonhoso castigo de meus erros; Erros que lhe sacrificaram a vida, vida essa que levou a mando do amor sendo esse o seu castigo nunca amar e ser correspondido, vergonhoso castigo pois no fim da vida morreu sozinho na miséria.
Mas minha estrela, que eu já agora entendo,
A Morte cega e o Caso duvidoso,
Me fizeram de gostos haver medo.
O sujeito poético tem medo de ter gostos (de amar) e diz que os