Poema de barretos
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Sobre as Ondas
Era noite. O alto mar se enfurecia...
Para o barco veloz que à morte avança,
Não restava uma simples esperança
De incólume rever a luz do dia...
Entre as brumas, porém, da noite fria
Aparece uma sombra, calma e mansa...
Era um fantasma? – Não! – era a bonança
Que em Jesus, como bênção, se anuncia.
Inda hoje o mar do mundo se encapela;
E, no barco da vida, já sem vela,
Não nos resta sequer uma ilusão...
Mas – Senhor! – sobre as ondas revoltadas,
Volta a trazer às almas torturadas
O consolo da tua salvação!
O Paralítico de Bethesda
De manhã quando o sol surgiu atrás de monte,
Beijando o céu azul, matizando o horizonte,
Aquecendo o aconchego esplêndido dos ninhos,
Despertando em canções os ternos passarinhos
E ungindo com o frescor dos lírios orvalhados
O tapete virente e mágico dos prados,
O vulto senhorial do Mestre Nazareno
Ia a Jerusalém, resoluto e sereno,
Ver os tradicionais festejos dos judeus
E, no templo, exaltar a grandeza de Deus.
Mas, levantando o olhar de fulgidas centelhas
O Mestre viu bem perto, à “Porta-das-Ovelhas”
O tanque de Bethesda – o tanque legendário –
Que de muitos curava o trágico fadário
De ser cego, aleijado ou mísero leproso...
Enorme multidão, em silêncio angustioso,
Desejosa, febril e crédula, aguardava
O anjo que por ali, de vez em vez, passava
Para movimentar as águas cristalinas,
As quais tinham, então, emanações divinas,
Que curavam a quem primeiro ali entrasse,
Qualquer que fosse a dor que lhe martirizasse...
Estava lá também um desses infelizes,
Cuja dor deixa n’alma as fundas cicatrizes
Do desespero atroz, dos grandes desenganos
De esperar, sempre em vão, por tanto e tantos anos...
O Mestre, conhecendo a grande persistência
Daquele coração, moveu-se de clemência
E, olhando-o, perguntou: - “Queres tu ficar são?” –