PODRES PODERES
A canção “Podres Poderes” de Caetano Veloso foi escrita na década de 1980 pelo mesmo. No título da canção já percebemos uma crítica dentro da semântica das palavras, como se a palavra “poderes” derivasse da palavra “podres”, aludindo que o poder em sim, não é benigno. Quando escrita, o Brasil passava por um processo complicado de redemocratização e Caetano escreve pontualmente sobre a relação do governo com os governados do passado/futuro. Apesar de terem se passado anos, a canção continua atual; fazendo-nos refletir sobre a cidadania e sua suma importância, especialmente para que o povo não permita que os homens exerçam seus poderes de forma podre.
“Enquanto os homens exercem
Seus podres poderes
Motos e fuscas avançam
Os sinais vermelhos
E perdem os verdes
Somos uns boçais”
Nessa estrofe podemos identificar as motos e os fuscas que avançam os sinais vermelhos como a população que não segue as leis e nem procura conhece-la, e então os homens continuam exercendo seus podres poderes, por isso o povo é justificado como boçal.
“Queria querer gritar
Setecentas mil vezes
Como são lindos
Como são lindos os burgueses
E os japoneses
Mas tudo é muito mais”
Na segunda estrofe apresentada, descobrimos a ironia do verso pela hipérbole de “setecentas mil vezes” e também a referência aos japoneses, capitalistas e com forte tendência contraditória à opinião de Caetano, que critica os poderes. Por tal razão, o último verso dessa estrofe diz que “tudo é muito mais”, pois vai além do que vemos ou procuramos ver.
“Será que nunca faremos senão confirmar
A incompetência da América católica
Que sempre precisará de ridículos tiranos
Será, será, que será?
Que será, que será?
Será que esta minha estúpida retórica
Terá que soar, terá que se ouvir
Por mais zil anos”
Nessa estrofe, percebemos que a indagação é o que Caetano quer provocar no povo, repetindo várias vezes “Será?”, dizendo que devemos indagar a forma de poder exercida e não somente aceitar ou