Poder e Sociedade Brasileira
o
estudo das relações de poder em qualquer sociedade implica em investigar sua singularidade histórica, social e cultural, com destaque à divisão do trabalho e à distribuição das riquezas existente em sua organização econômica como também à complexidade cultural do universo simbólico que a caracteriza.
Lembramos então de início, que a nação que hoje reconhecemos e identificamos com maior clareza em alguns momentos como o da conquista de uma Copa do Mundo no Futebol, como em alguns acontecimentos marcantes como a "Campanha das Diretas" ou ainda nas eleições gerais, entre outros momentos importantes que nos motiva, abriga em seu seio uma sociedade marcada por profundas desigualdades sociais, com uma perversa distribuição de renda, direitos e oportunidades entre seus membros, quadro cuja superação passa necessariamente pela redefinição das relações de poder, ampliando e consolidando formas e instituições democráticas de conquista, exercício e representação do poder político. Requer, enfim, numa mudança da nossa cultura política, que por explicações históricas foi marcada pelo autoritarismo, pela cidadania (ou anti-cidadania) regulada e hierarquizada, pelo corporativismo e pela exclusão da maioria da população na participação de seus destinos e nos frutos do seu trabalho. Pergunta-se, então: como e por quais caminhos a sociedade promove essas mudanças? Como e por que forma elas foram proteladas ou evitadas pelos donos do poder?
São questões que não tem respostas fáceis.
Seria enganoso apontar rumos pré-definidos e receitar diretrizes políticas ou opções partidárias. A sociedade tem sido conduzida muitas vezes por belas propostas retóricas de líderes cheios de boas intenções a verdadeiros becos sem saída, onde tem seus direitos, avanços e conquistas violentados, e ainda correndo o risco de ser acusada de culpada ou conivente. Também é bom ter presente que a cultura autoritária não se encontra apenas à
direita,