Pneumotórax
Pneumotórax
Febre, hemoptise, dispnéia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido e que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
— Respire.
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— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o pulmão direito infiltrado. — Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.
Na obra de Manuel Bandeira, o aspecto biográfico, marcado pela tragédia e tuberculose, é de suma importância, constando até em obras nitidamente modernas, e com o rompimento dos padrões culturais do século XIX e o aparecimento de novas técnicas, o poeta introduz o verso livre que não está sujeito ao rigor métrico e, aproveitamento da fala coloquial; poesia simples, direta; e, deixou de lado a rima que se tornou desnecessária.
Os chamados nexos sintáticos, preposições, conjunções, etc., são eliminados da poesia moderna, que se torna mais solta, mais descontínua e fragmentária.
As palavras presentes no poema como: Hemoptise (expectoração com presença de sangue); Dispneia (falta de ar); Pneumotórax (pneumo = ar) é exatamente o que seu nome diz, "ar no tórax". Partindo então das experiências de vida do poeta o mesmo explica os sintomas da tuberculose, e traz ao leitor uma maneira irônica e humorística de ver as coisas de uma forma descontraída sem se deixar abater em nenhuma circunstância da vida, mesmo enfrentando a morte.
Conforme esclarece o melhor crítico da obra de Bandeira, Davi Arrigucci Jr.: "A poesia de Bandeira (..) tem início no momento em que sua vida, mal saída da adolescência, se quebra pela manifestação da tuberculose, doença então fatal. O rapaz que só fazia versos por divertimento ou