PLUTARCO
C Í C E R O , por Plutarco
(Nascido no ano 106 e morto no ano 43 antes de J.
C.)
Capítulo de Vidas Paralelas (Bioi Paralleloi)
Sobre a tradução: Primeira tradução brasileira, de Sady Garibaldi. Atena Editora, São Paulo.
Para correções, comparações e compilação de notas foram usadas ainda outras edições: 1. Plutarco, Vidas
Paralelas, Editora Paumape, Quinto Volume. Tradução de Gilson Cardoso e notas de Paulo Peixoto.
2.Plutarco, Vidas. Tradução e notas de Jaime Bruna. Editora Cultrix, São Paulo e 3. Plutarco, Vidas dos homens Ilustres, tradução do Pe. Vicente Pedroso a partir da edição clássica francesa de Amyot, com observações de Brotier, Vauvilliers e Clavier. Edameris, São Paulo
Copista (edição virtual): Miguel Duclós
Digitalizado por consciencia.org
I. Quanto a Cícero, sua mãe segundo se diz, chamava-se Hélvia. Pertencia a uma família distinta e, desde seu nascimento, sua conduta se mostrou sempre digna. Há, a respeito da condição do seu pai, 1 opiniões contraditórias: uns pretendem que tenha nascido e que foi criado na oficina de um pisoeiro; outros o fazem descender de Tulo Átio 2, que reinou gloriosamente sobre os Volscos 3, e lutou sem muita desvantagem contra os romanos. Quanto ao mais, o primeiro dessa família que teve o sobrenome de Cícero parece ter sido um homem respeitável, e é por isso que seus descendentes, longe de desprezarem o sobrenome, começaram a usá-lo com ufania, não obstante isso ter sido, para muitos, motivo de pilherias. Cicer, em latim, significa "grão de bico".
Cícero, cuja vida descrevemos, a primeira vez que conseguiu uma causa e tomou parte nos negócios públicos, foi instado pelos seus amigos a que abandonasse esse nome e tomasse outro. Ele, porém, respondeu com nobre altivez:
- Eu farei todos os esforços possíveis para fazer o nome de Cícero mais célebre do que os de Scauro e de Catulo 4.
Durante sua questura na Sicília, ofereceu aos deuses um vaso de prata 5, no qual fez gravar os seus dois primeiros nomes: